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quinta-feira, 9 de junho de 2011

Para o agronegócio falar e ser ouvido




Na democracia o voto não é tudo. Os grupos precisam convencer a sociedade sobre a importância de seus projetos. Para que boas idéias de um setor se transformem em políticas públicas é preciso demonstrar os benefícios que retornarão para toda a sociedade. O agronegócio como gerador de empregos, divisas e renda também tem as suas demandas para continuar a desempenhar esse importante papel no desenvolvimento no país. Os agricultores precisam de financiamento adequado, de logística eficiente, de insumos de qualidade e a preços acessíveis, de redução de riscos, de sanidade agropecuária, de racionalidade tributária, de acesso a mercados etc, e para conseguir os recursos necessários têm que sensibilizar a sociedade e os governos.

Este trabalho de convencimento não é simples. Os recursos de qualquer país são limitados e as demandas imensas. Todos os setores da sociedade querem ser ouvidos e querem ter as suas cobranças atendidas. Por conta disso nas democracias modernas, cada vez mais complexas, as empresas, os sindicatos e os setores econômicos profissionalizaram a comunicação social e a representação de interesses. Quem quer ser ouvido precisa saber o que falar, quando e para quem. Não dá para improvisar. Com o agronegócio não é diferente, é um setor que diante da visibilidade precisa saber responder aos questionamentos da sociedade, precisa saber convencer os governos e para conseguir alcançar seus objetivos precisa de uma boa comunicação institucional.

O agronegócio brasileiro avançou muito em sua comunicação. Antes havia negligência, hoje instituições como a ABAG, a CNA, a OCB, se aperfeiçoaram e conseguem ser ouvidas. Com elas chega a voz de milhões de pessoas que vivem em cidades pólo do agronegócio e que dependem de seu bom desempenho para melhorar de vida e crescer. Não só essas organizações, mas muitas outras representam e defendem a agropecuária brasileira. No entanto, nem todas estão igualmente profissionalizadas. Alguns representantes do setor, bem intencionados, mas sem a devida capacitação e experiência para comunicar, acabam sendo tão estridentes que afastam qualquer interlocutor.

Nenhum jornalista, deputado, secretário ou diretor aguenta o João Reclamão, aquele que vive da gritaria e dos ataques generalizados e que tem incapacidade de explicar o que lhe perguntam. É incrível, mas ainda existem setores do agronegócio que escolhem representantes que mais atrapalham do que ajudam. Acreditam que todos estão contra seu setor, não colaboram com nada, e criam um ciclo vicioso de perda de prestígio. Atacar indiscriminadamente os representantes eleitos e os profissionais da administração pública pode parecer tolice quando se quer algo do governo, mas é exatamente isso que alguns desses "representantes" fazem.

Por outro lado, alguns setores abraçaram de vez a profissionalização. As associações que representam as carnes: UBABEF, do frango, ABIEC da carne bovina e a ABIPECS da suína contrataram executivos seniores para seu alto escalão como ex-ministros e ex-secretários que possuem canais abertos na administração pública. A UNICA, que representa a cana e a BR CITRUS, a laranja, se fiaram em professores universitários do mais alto gabarito, com capacidade de entender problemas complexos e boas habilidades de comunicação. O staff de todas elas é composto por profissionais buscados no mercado, desde os médios até os juniores, não há improvisação. Seu foco é o resultado para o associado.

Esse é o modelo de sucesso para a representação do agronegócio: confiar nos especialistas. Os amadores que andam por aí estão com os dias contados, sua forma de trabalho conhecida como a "diplomacia do anapion", ou seja, a gritaria e a denúncia não dão mais resultados. A incompetência aparece. O agronegócio merece mais, só profissionais que entendem de políticas públicas, assuntos técnicos e com ótima capacidade de comunicação poderão trazer as ações que o setor tanto precisa. A mudança já começou, as vitrines de sucesso estão postas, cabe aos demais setores seguir mudando. Os interesses legítimos, como os do agronegócio, merecem ser representados.



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