O cacau já foi importante no Brasil. Sua
riqueza transformou regiões e influenciou, até mesmo, a literatura. Quem não se
lembra dos barões do cacau dos livros de Jorge Amado? Não é segredo, porém, que
essa riqueza se foi, levada pela decadência. Ocorre que a lavoura parece estar
renascendo. Vejamos como.
Foi no fim
do século XIX que o cacau iniciou sua expansão no Brasil. O objetivo era
atender as exportações que cresciam. A industrialização e urbanização,
principalmente na Europa, criaram mercado para o chocolate. O sistema de
produção era quase que um extrativismo, com poucos tratos na lavoura, desleixo
esse que persistiu ao longo de décadas.
Percalços
não é novidade para o setor. Um deles levou à criação, pelo governo federal,
nos anos 50, da Ceplac, órgão referência em pesquisa e extensão na
cacauicultura. Uma crise, no entanto, foi marcante: a infestação, nos anos 80,
da praga da vassoura-de-bruxa no sul da Bahia, principal região produtora.
Desde então, a produção entrou em declínio.
Essa
queda se deu enquanto o Brasil consolidava seu parque industrial de derivados de
cacau. Dimensionadas para o período do auge, as indústrias passaram a importar
matéria-prima. Em 2007, o Brasil produziu 201.651 toneladas de cacau e teve de
importar 91.191 toneladas. Nesse pico, as importações abasteceram 31% do mercado.
Hoje, todavia,
o cacau renasce. Puxado pelo aumento no consumo interno de chocolates, que
cresce 12% ao ano, e apoiado no pacote tecnológico da Ceplac, o setor luta para
voltar a ser grande. A produção que tinha caído a 170 mil toneladas em 2003,
alcançou 248 mil em 2011. Esse renascimento coloca o Brasil numa situação
única: é o único país grande produtor e grande consumidor de cacau.
O mapa do
renascimento apresenta diversidades. Se antes a produção estava no sul da Bahia
– Ilhéus e Itabuna –, hoje seu maior crescimento é no Pará. O cacau no Pará
cresce 11% ao ano, e já é responsável por 26% da produção nacional. A Bahia
também se recupera, crescendo 5% ao ano. Chamam a atenção, ainda, ensaios com
cacau no semi-árido, irrigado, onde a produtividade é altíssima, talvez uma
promessa para o futuro.
O cacau renasce numa situação diferente. Começamos
a ver um futuro promissor. Num mundo que preza a sustentabilidade, a lavoura de
cacau – ótima para sistemas agroflorestais e integração
lavoura-pecuária-floresta – tem muito a oferecer. Os preços estão aquecidos, os
produtores precisam aproveitar o momento.
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