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terça-feira, 30 de abril de 2013

Cacau: o renascimento de uma lavoura


O cacau já foi importante no Brasil. Sua riqueza transformou regiões e influenciou, até mesmo, a literatura. Quem não se lembra dos barões do cacau dos livros de Jorge Amado? Não é segredo, porém, que essa riqueza se foi, levada pela decadência. Ocorre que a lavoura parece estar renascendo. Vejamos como.

         Foi no fim do século XIX que o cacau iniciou sua expansão no Brasil. O objetivo era atender as exportações que cresciam. A industrialização e urbanização, principalmente na Europa, criaram mercado para o chocolate. O sistema de produção era quase que um extrativismo, com poucos tratos na lavoura, desleixo esse que persistiu ao longo de décadas.

         Percalços não é novidade para o setor. Um deles levou à criação, pelo governo federal, nos anos 50, da Ceplac, órgão referência em pesquisa e extensão na cacauicultura. Uma crise, no entanto, foi marcante: a infestação, nos anos 80, da praga da vassoura-de-bruxa no sul da Bahia, principal região produtora. Desde então, a produção entrou em declínio.

            Essa queda se deu enquanto o Brasil consolidava seu parque industrial de derivados de cacau. Dimensionadas para o período do auge, as indústrias passaram a importar matéria-prima. Em 2007, o Brasil produziu 201.651 toneladas de cacau e teve de importar 91.191 toneladas. Nesse pico, as importações abasteceram 31% do mercado.

         Hoje, todavia, o cacau renasce. Puxado pelo aumento no consumo interno de chocolates, que cresce 12% ao ano, e apoiado no pacote tecnológico da Ceplac, o setor luta para voltar a ser grande. A produção que tinha caído a 170 mil toneladas em 2003, alcançou 248 mil em 2011. Esse renascimento coloca o Brasil numa situação única: é o único país grande produtor e grande consumidor de cacau.

         O mapa do renascimento apresenta diversidades. Se antes a produção estava no sul da Bahia – Ilhéus e Itabuna –, hoje seu maior crescimento é no Pará. O cacau no Pará cresce 11% ao ano, e já é responsável por 26% da produção nacional. A Bahia também se recupera, crescendo 5% ao ano. Chamam a atenção, ainda, ensaios com cacau no semi-árido, irrigado, onde a produtividade é altíssima, talvez uma promessa para o futuro.

O cacau renasce numa situação diferente. Começamos a ver um futuro promissor. Num mundo que preza a sustentabilidade, a lavoura de cacau – ótima para sistemas agroflorestais e integração lavoura-pecuária-floresta – tem muito a oferecer. Os preços estão aquecidos, os produtores precisam aproveitar o momento. 


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